Assistir ao filme #AOutraCriança, escrito e dirigido por Yoon-seok Kim, baseado na peça teatral de Bo-ram Lee, levanta questionamentos diversos que serão formulados ao longo desta. O roteiro traz um texto sensível, preciso, impecável, que, tão rapidamente, apresenta todas as personagens principais, suas relações correntes, e o conflito da trama, cuja evolução revela nuances, com um oportunismo temporal único, e, além de trazer um tema familiar original e distinto, contrói a história com pequenos e relevantes conflitos, apresentando fatos, sem grandes julgamento de valores, e transformando as personagens em seu curso, personagens, essas, que transbordam humanidade, falhas e valores, onde cada uma tem uma espinha dorsal única, e terminam muito diferentes do que começaram. Com um texto tão imponente a primeira questão se apresenta. Por que um filme com um roteiro tão ímpar, e melhor do que o de Parasita, foi tão relegado, enquanto o outro tão premiado?
A direção de Yoon-seok Kim não cai longe de seu roteiro, e é excelente, melhor do que a de Bong Joon Ho, de Parasita, conduzindo o elenco com mãos firmes, oferecendo planos interessantíssimos, e imagens belíssimas, embora em cenários comuns, vide cena do pai fugindo na escada rolante, levantando a segunda questão, por que Yoon-seok Kim não foi considerado, enquanto seu colega, premiado? O elenco é coeso, firme, e todos constroem suas personagens com muita habilidade, até aqueles que pouco aparecem, como o pai de Yoon-Ha. A fotografia é excelente. Cenários e figurinos, idem. A música tonaliza o texto e a edição é ótima.
#AnotherChild, um filme delicado, sensível, inteligente, fluído, seco, duro, enfim, um filme plural, que além de retratar muito bem o universo feminino e matrimonial, traz personagens femininas incríveis, e um final surpreendente. Levantando a última questão, como um filme tão bom, não alcança as salas de cinemas brasileiras, enquanto Parasita ganha o Oscar de melhor filme? A Outra Criança é melhor. Imperdível.
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