Baseado em uma história real, #AMúsicaDaMinhaVida, encontra Javed, um britânico filho de paquistaneses, e Matt, em 1980, e, rapidamente, os reencontra, em 1987, ainda melhores amigos, quando Javed, influenciado por Roops, um colega Sikh da escola, conhece Bruce Springsteen e sua música, que o revolucionará.
O roteiro de Sarfraz Manzoor, Gurinder Chadha e Paul Mayeda Berges, baseado no livro “Greetings from Bury Park - Race. Religion. Rock 'N' Roll” do primeiro, faz uso da música de Springsteen para contar a sua história que, em um período de recessão na Inglaterra, e com os ânimos à flor da pele, trata de questões de deslocamento e da busca pelo seu lugar, quando lugar algum parece o seu. Javed, um britânico filho de paquistaneses, por um lado sofre pressões de seu pai, que não admite influências ou hábitos do país em que habitam, por outro, da xenofobia e dos preconceitos dessa advindos, que o impedem de se encontrar e de se entender em meio a tantas tensões, mas com Springsteen, ele consegue colocar a sua força criativa para fora e, luta contra a intolerância dentro e fora de sua casa, encontrando aliados e inimigos em ambos os lugares, ilustrando os choques culturais, religiosos e morais entre pessoas e grupos de diferentes origens, a congruência de culturas forçadas a dividirem o mesmo espaço, por diversos motivos, e a busca pelo seu lugar ao sol, em meio a tantas e diversas idiossincrasias.
A direção de Gurinder Chadha é muito boa, especialmente, na condução dos atores, mas, também encontrando planos, aproximações e movimentos de câmera, que valorizam os inflamados conflitos e tensões da trama. Hayley Atwell, mais conhecida pelo seu papel de Peggy Carter na MCU, se destaca como a professora de literatura inglesa; os jovens Viveik Kalra, o Javed, Nell Williams, a Eliza, e Aaron Phagura, o Roops, dão um show à parte, fazendo funcionar suas atuações em meio a dramas e músicas, que se intercalam visceralmente no texto; e o resto do elenco é bastante competente. A música se destaca entre os critérios técnicos, pois exerce forte função dramatúrgica construindo junto ao texto, seu fio condutor; a arte é excelente, com impecáveis cenografia e figurinos de época. Fotografia e edição são ótimas.
A Música de Música da Minha Vida trata sobre deslocados e deslocamentos, e, acaba por ilustrar, que independente de sua origem, de sua cor, de sua religião, ou de sua cultura, no fundo, deslocados, todos são. Vale muito assistir.
Em cartaz.
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