Quando um trabalho recebe, nada menos que o prêmio de Melhor Diretor no Festival de Cinema de Sundance 2019, qualquer cinéfilo que se preze fica com a curiosidade elevada e, ainda ampliada pelo fato de ser o primeiro longa co-escrito e dirigido por um tal de Joe Talbot. Só mesmo o Sundance para descobrir essas preciosidades abrindo portas para novos talentos.
Okay que Talbot apresenta um drama inspirado em fatos da vida de seu amigo de infância e, portanto, conta uma história muito regionalizada (o que não a faz menor), com situações, diálogos e personagens extraídos de um universo particular, pessoal mesmo, mas narrada de forma inovadora, delicada e potente.
O argumento sobre o inocente jovem que sonha retomar a majestosa casa construída pelo avô como forma inconsciente de resgate de uma época e família que não mais existem, é um libelo acusatório sobre a “expulsão” de negros da valiosa área residencial da cidade de São Francisco, para uma região periférica, sendo apenas outra abordagem sobre a colonização branca sobre o negro norte-americano se...
Talbot não transformasse o que seria um repeteco temático num surpreendente devaneio, já na cena de abertura, e seguisse com muita sensibilidade pela estética sedutora de um design de produção espantoso que se reflete numa fotografia de alto impacto numa perfeita simbiose com diálogos, monólogos, trilha sonora e atuações cativantes numa autêntica jornada expressionista.
Embora seja sim, uma narrativa bem americana, #TheLastBlackManInSanFrancisco é um deslizar intimista pelas ruas das idéias genuínas, pelas ladeiras dos conceitos amplos de um cotidiano urbano e humano que impacta pela honestidade e equilíbrio cênico.
Ps1: Disponível em VOD
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