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Foto do escritorCardoso Júnior

Styx - Áustria-2019

Atualizado: 8 de ago. de 2020


Sabe aquele filme que você nunca ouviu falar? Pois é, minha vivência de mais de trinta anos de cinema, sempre me intui que, justamente nesses, pode haver esplendidas pérolas cinematográficas escondidas; se não forem “made in Hollywood”.

Este é o caso do incrível #Styx, do novo diretor austríaco Wolfgang Fischer em parceria com o roteirista Ika Künzel que, com apenas uma protagonista e um coadjuvante - que quase nunca falam - criaram uma atmosfera tão tensa e densa partindo de um plot mínimo e ficcional para construir uma estupenda e realista alegoria sobre a ética e a responsabilidade social tendo como base a crise mundial dos refugiados africanos. Magistral!

Já na abertura, com imagens metafóricas de símios passeando pelas ruas de Gibraltar e, um casuístico acidente de carros, Wolfgang foca o comum dentro do cotidiano para criar um paralelo entre uma pronta ação comunitária socorrista em terra e a angustiante ausência dela no mar usando do surrealismo para nos imergir profundamente num realista e inteligentíssimo thriller marítimo absurdamente dramático e angustiante.

Aqui, até os trinta e cinco minutos do primeiro ato, não há como não lembrar do ótimo “Até o Fim” (2013), pois direção e roteiro utilizam-se dos mesmos elementos para eletrizar-nos com a saga de um solitário marujo desfrutando da beleza e prazeres do mar bem como do enfrentamento da fúria dos elementos num potente drama individual de sobrevivência. Mas só até aqui, pois, neste, o segundo ato nos leva a um dramático abalroamento entre dois mundos distintos.

O acerto na escolha da protagonista, a magistral atriz alemã, Susanne Wolff, que nos hipnotiza com um desempenho físico tão eloquente que sua comunicação conosco e com a estória é explicitada através de ações sem necessidade de palavras de tal forma que, mesmo em seu estado de estupor,

reflete exatamente a angústia e a impotência sentida pelo expectador.

Assim, Styx, com sua diegese partindo do micro para atingir o macro,

consegue ser não só um belíssimo cinema de qualidade máxima como também nos emociona profundamente enquanto nos obriga, constantemente, julgar dificílimas tomadas de decisões enquanto levanta e nos deixa sombrias reflexões sobre a ausência de compaixão na política mundial tornando-se um trabalho referencial sobre princípios morais contemporâneos.

Ps1: Nunca levem em conta verba pra divulgação como parâmetro de filme bom

PS2: Por conta dos Blockbusters bloqueando as salas de cinemas, não tem previsão de chegar ao Brasil estando disponível apenas em VOD.

TRAILER

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