Prestes a fechar um negócio do Cazaquistão, Numa Tempesta, um ávido e solitário empresário, é condenado a prestar serviços comunitários em um abrigo de sem-tetos, e impossibilitado de viajar, buscando junto aos seus novos “clientes” meios de burlar o sistema para fechar a negociação.
O linear roteiro de Giulia Calenda, Daniele Luchetti e Sandro Petraglia estabelece, precisa e rapidamente, as premissas sobre as quais desenvolverão sua história, que apresenta certa dualidade. Por um lado, assemelha-se a uma crítica politicamente incorreta ao “politicamente correto” e àqueles que têm uma visão peremptória e condescendente sobre a miséria e os por essa afetados. Por outro, há um certo deslocamento da realidade, em personagens fortemente estereotipadas, que põe em cheque a primeira. Pesando na balança, a primeira hipótese parece, além de mais factível, mais original. Em um mundo “politicamente correto”, mostrar que todo ser humano almeja ascender, ser melhor do que é, e prosperar, seja ele um sem-teto ou um empresário ganancioso e “um tanto sem escrúpulos”, é uma direção, no mínimo, audaciosa, ainda mais quando humaniza o ambicioso através dos conflitos pai-filho.
A direção de Daniele Luchetti, bastante funcional, apresenta a dicotomia identificada, seja criando-a ou valorizando a já presente no texto do qual é coautor. O elenco é muito bom, destaque para Marco Giallini, o Numa Tempesta, e Elio Germano, Bruno, o principal sem-teto, que imprimem um tom afinado entre a comédia tipificada e o realismo. A edição e a música são excelentes; a fotografia e a arte, muito boas.
Uma comédia carregando críticas à sociedade atual é o que traz O Rei de Roma. Vale Assistir.
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