Fauve é um daqueles filmes que você não quer ver, não quer fazer parte do que acontece e muito menos vai acontecer, porque sabe que vai.
O curta dirigido e escrito por Jérémy Comte traz, de uma forma crescente e suntuosa, uma emoção seja ela qual for. Nos criando-a e cultivando-a, fazendo-a crescer como um balão, para que quando não há mais possibilidades ela exploda em um poderoso refinamento esplendorosamente trabalhado. Não só pelo enredo que é cirúrgico, mas por suas excelentes atuações que complementam de forma exata todo o turbilhão de ansiedade em que nós, pobres espectadores, nos vemos esmagados. O que é impressionante já que não há nada de sangrento ou graficamente chocante na tela.
O filme gira em torno de uma brincadeira de desafios entre 2 garotos, eximiamente interpretados como já mencionado. Mas que cria uma atmosfera agressiva a medida em que, muito sutilmente, elas vão escalando em “periculosidade” dando a angustiante sensação de que algo de ruim, a qualquer momento, pode acontecer.
Diria que é um desafio, como se ao retratar algo “vivenciado” em sonhos pelo diretor, ele criasse essa atmosfera, essa bolha, convidando e desafiando ao espectador a terminar o curta experienciando toda esse ambiente de sensações.
Há ainda, como se não bastasse, um seleto cuidado com a fotografia. Que nos transporta dentro de ambientes similares, a planos muito bem construídos e melhor ainda “iluminadamente” trabalhados, trazendo em certos momentos quase que um outro plano, vindo do onírico. No mais, esteticamente ou, plasticamente falando, tudo é construído e organizado a corroborar com a narrativa proposta de forma objetiva, o que faz tudo ser mais intenso do que aparenta.
Direto, chocante, visceral e indicado ao #Oscar2019 em Melhor Curta em Live-action, além de diversas premiações incluindo Sundance, Toronto e Vancouver. Fauve, com toda certeza é impactante, e se você tiver a oportunidade, deixe-se angustiar por esses longos curtos 15 minutos.
TRAILER