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  • Foto do escritorFábio Ruiz

A Nossa Espera – Bélgica – 2018

Atualizado: 18 de ago. de 2020


A família Vallet vive com simplicidade, Olivier, o pai, trabalha como supervisor no centro de distribuição de alguma gigante de varejo, já Laura trabalha em uma loja de roupas femininas. Um dia, sem qualquer sintoma ou aviso, ela desaparece sem deixar notícias, deixando, para Olivier, todo o encargo familiar.

O roteiro de Raphaëlle Desplechin e Guillaume Senez é perspicaz, fornecendo pistas interpretativas, que auxiliam o espectador a racionalizar com sua própria hermenêutica a decisão de Laura, a queimadura de Elliot, que todos enfatizam, mesmo quando não requerido, que se tratou de um acidente, a fragilidade de Laura diante das dificuldades econômicas da sociedade, a rotina enfadonha, os horários de trabalho de Olivier, que a sobrecarregam em casa, mas, inteligentemente, não elucida razões; também explora questões atuais das relações entre empregadores e empregados, situando Olivier em participações no sindicato; e por fim, explora com delicadeza as relações familiares entre Olivier e seus filhos, sua irmã, que aparece para ajuda-lo, e sua mãe, delineando o cenário da vida adulta onde cada um tem, além de sua vida, uma visão enevoada da vida do outro, sobre a qual faz julgamentos de valor, tudo, sem conjecturar ou aquilatar as personagens, suas decisões e ações, e suas personalidades. Contudo, é uma trama, demasiadamente, explorada pelo cinema, e A Nossa Espera, ou as nossas batalhas, da tradução literal do título em francês, apesar de sensível e muito bem escrito, não se distingue o suficiente para um maior destaque, e não discrimina o tempo com muita clareza.

A direção de Guillaume Senez é muito boa, com excelentes movimentos de câmera, escolha de planos e aproximações e distanciamentos, além de extrair o melhor dos atores mirins. Contudo, peca na marcação do tempo, que é um tanto nebulosa. Roman Duris está ótimo como Olivier, explorando com habilidade as tensões nos conflitos. Laetitia Dosh é o grande destaque do elenco, como Betty, irmã de Olivier. Ela e Roman tem belíssimas cenas em que acertam na mosca os atritos em jogo, construindo contundentes oposições. O elenco infantil, Basile Grunberger, o Elliot, e Lena Girard Voss, sua irmã Rose, criam laços emocionais verossímeis. O resto do elenco é competente. A fotografia é competentíssima, especialmente no quesito iluminação. Música, arte e edição não pecam.

Um filme muito bem realizado, acerca de tema demais batido, mas que consegue alguma distinção, tornando-o interessante para uma visita ao cinema. Vale assistir.

TRAILER

© 2020 por ACADEMIA DE CINEMA. Criado por Matheus Fonseca, todos os direitos reservados.

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