Juan e Wilson são amigos de infância e, agora, estudam veterinária juntos. Sem perspectivas de terminar o curso ou de futuro, Juan propõe assaltarem o Museu Nacional de Antropologia na Cidade do México, onde ele havia trabalhado como assistente de fotografia por um período. Baseado em fatos reais.
Manuel Alcalá e Alonso Ruizpalacios, vencedores do prêmio de melhor roteiro no Festival de Berlim, transformam uma simples história em um texto interessante, separado em dois atos, o primeiro até o roubo, configura as relações familiares desses jovens de classe média alta mexicana, narrado na voz de Wilson, que discorre sobre Juan, sobre questões culturais e de aculturamento, sobre educações e perspectivas, e como dois idiotas conseguem assaltar um museu desse porte. O segundo, quando Juan e Wilson saem para negociar o produto de seu roubo, versa sobre a incompetência dos dois assaltantes, que desconhecem estar de posse de riquezas inegociáveis; da polícia, que confunde as peças roubadas com simples artesanatos; e de Juan, que agrava a situação se envolvendo em brigas, com drogas e mulheres no percurso.
A direção de Ruizpalacios é excelente, sensível ao estabelecer as relações familiares e de amizade com muita sutileza, e belíssima, em suas escolhas de planos, aproximações e distanciamentos. Gael Garcia Bernal, desconstruído, cada vez mais, se afirma como um dos maiores atores de sua geração, estabelecendo as tênues tensões que constituem os conflitos cênicos, também diluídos e legados ao subliminar. Leonardo Ortizgris está muito bem como Wilson, transmitindo leve incapacidade intelectual à personagem. O resto do elenco é competente, destaque para Alfredo Castro, como pai de Juan. Fotografia e arte contextualizam como primor o período histórico, A música é boa, mas, às vezes, dramática demais para o contexto, e a edição é ótima.
Uma sequência de erros é o que traz Museu, que, sem ser um equívoco, expõe sutilezas na educação de Juan que justificam suas ações, que se tornam famosas por constituírem o maior assalto da história do México. Vale conferir.
PS: Em cartaz.
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