Com direção de Gus Van Sant (Milk:A Voz da Igualdade, etc), esse tributo ao cartunista americano, John Callahan, (falecido em 2010), adaptado de suas próprias memórias, aborda seu lado polêmico, irreverente e alcoólatra e é uma oportunidade de ouro para Joaquin Phoenix comprovar que é o maior ator dramático da atualidade.
O roteiro nos mostra a reviravolta na vida desse artista aos 21 anos quando, por conta de um desastre automobilístico, fica tetraplégico, sua batalha pessoal contra o vício, a descoberta dos desenhos provocativos sempre jocoso com relação ao racismo, sexualidades e até com sua deficiência, como forma de superação de inúmeros traumas físicos e psicológicos.
Sim, essa seria uma cine-bio bastante triste não fosse opção da direção e roteiro caminharem por um tom salpicado de comédia, bem ao estilo do próprio personagem e também por conta das vinhetas com os desenhos originais de Callahan, da quebra da linearidade narrativa através de saltos temporais com inúmeras retrospectivas, embaralhando as sequências, mas sem comprometer o entendimento do público, embora dilua tanto o drama como a comédia ao expor tantas vertentes não necessárias.
Sim, eis uma história bastante edificante repleta de lições de vida, mas são as atuações fantásticas que a carregam no colo. Phenix, como já dissemos, dá um show de versatilidade e construções minimalistas, enquanto Jonah Hill revela uma nova e surpreendente faceta interpretativa ao se afastar totalmente da comédia e entrar na pele de um milionário líder espiritual gay e, Jack Black, em poucas cenas revela um registro dramático surpreendente. Infelizmente o roteiro não dá nenhum espaço para Rooney Mara dizer a que veio.
Com estréia prevista nos cinemas brasileiros para 29 de novembro e, em tempos do “politicamente correto em tudo” vale assistir pelas atuações e para se questionar sobre qual é o exato limite do humor.
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