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Foto do escritorCardoso Júnior

A Jaula de Ouro- México-2013

Atualizado: 22 de ago. de 2020


A imigração ilegal de latino-americanos de Honduras, Nicarágua, Guatemala, El Salvador e México para os EUA, tema infelizmente tão atual, recebe nesse trabalho uma ótica tão rara e tão bela ao mesmo tempo que, além dos prêmios no Festival de Cannes 2013, colecionou outros 81 prêmios no total.

O diretor estreante Diego Quemada-Diez, que já fora operador de câmera para diretores como Oliver Sotone, Alejandro Gonzalez Iñárritu, Spike Lee, Fernando Meirelles, entre outros, mostra-nos essa saga dos dias atuais de forma muito humana como poucos trabalhos - dos muitos que já apostaram no tema – o fizeram. Brilhante!

Diego nos apresenta três adolescentes oriundos de um lixão na Guatemala, e nos embarca junto com eles numa odisseia no topo de um trem de carga rumo ao sul dos EUA em busca de uma vida melhor de forma delicada, poética e arrebatadora sem pesar demais nem menosprezar as agruras deste Road movie migratório não só geograficamente, mas também uma bela e sofrida jornada sobre o amadurecimento.

O elenco composto de atores amadores é mais que competente em suas atuações, muita das vezes traduzindo emoções diversas com um simples olhar o que nos deixa claro que a direção de atores atuou com total propriedade sabendo extrair deles o máximo de veracidade em cenas bem difíceis enquanto a câmera de Díez registra in loco (sem usar nenhum “defeito especial”), imagens belíssimas, que valorizam os cenários através de ângulos inovadores que vão sendo registrados em várias matizes de luz apreendendo a jornada desde o raiar do sol às noites escuras com imensa fidelidade estética ao naturalismo fílmico quanto a narrativa.

Ok que nesse momento você possa estar pensando tratar-se ou aproximar-se bastante de um documentário, mas não! A trama, por mais naturalista que seja, reserva momentos de muito suspense e a angustiante sensação de que, qualquer coisa ruim poderá acontecer no próximo minuto enquanto ficamos, irremediavelmente, torcendo por nossos destemidos protagonistas enquanto a brilhante narrativa abre mão de palavras, de linguagem compreendida utilizando-se de silêncios tão bem construídos que entendemos absolutamente tudo.

“La Jaula de Oro” poderia resvalar para um melodrama com intuitos panfletários de ordem social/política, mas seu apurado e simplista roteiro foge dessa armadilha comum tornando-se um sensível trabalho também sobre a esperança e os sonhos humanos de levar uma vida com dignidade e lutar, custe o que custar, contra as injustiças dos sistemas para alcançar esse direito existencial.

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