Pra começar, um filme com protagonismo de Jessica Chastain, se torna, imediatamente, algo irresistível para verdadeiros cinéfilos independente de ter sido enorme sucesso no Festival de Sundance 2017. Baseado em fatos reais com personagens reais, o roteiro fixa-se no final do século XIX para nos contar sobre o genocídio indígena no Oeste Americano (sem cenas de violência), através da evolução da amizade entre uma sofisticada pintora de retratos de Nova York e do famoso chefe da tribo dos Sioux, Touro Sentado, que acaba por gerar seu engajamento na luta pelos direitos dos povos indígenas sobre as terras espoliadas pelo homem branco.
Dirigido pela britânica Susanna White, esse western sobre os últimos dias do Velho Oeste além da magnífica, impressionante e bela fotografia retratando a imensidão de uma terra, ainda conta com interpretações poderosas de Chastain, Sam Rockwell e Michael Greyeyes numa história repleta de cativantes ingenuidades, bravuras e evoluções humanas no centro de uma reserva controlada pelo homem branco e em meio ao ódio beligerante e pulsante entre duas etnias com costumes e crenças tão antagônicos.
Com roteiro e diálogos muito bem amarrados, essa empreitada de retirar do ostracismo personagens “esquecidos” pela história americana, tem uma intencional apatia na narração se analisarmos a complexidade histórica das questões históricas, mas o foco na amizade, troca de descobertas e transformações entre a “socialite” e o pungente guerreiro, produzem verdadeiras maravilhas para o filme e para o expectador.
Ao fim, é impossível que esse belo trabalho não gere inúmeras reflexões sobre a coragem da mulher branca que dedicou sua vida a combater as injustiças e a ganância do governo americano ávido pelas terras indígenas e aniquilando toda uma cultura que, graças a ela, hoje, pelo menos, repousa no museu da Sociedade Histórica, para quem quiser lembrar-se da época de flagelo de uma raça.
Infelizmente, “#WomanWalksAhead” não tem previsão de estréia nos cinemas brasileiros, e deve estar disponível apenas nos serviços de streaming, mas vale cada minuto de contemplação.
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