Gina é uma aeromoça fazendo um trajeto entre os EUA e Paris. Em uma de suas escalas na cidade luz, ela conhece Jêrome, atendente em um inferninho, com quem passa a noite e acaba por se apaixonar desenrolando a trama principal.
O roteiro revela oportunamente as circunstâncias que colocam Gina no inferninho parisiense; fazem-na acreditar que Jêrome é o homem a ela destinado; acabam por a fazer obcecada por ele; e justificam a evolução da acuidade em suas ações no objetivo de concretizar o seu amor, extravasando progressivamente limites socialmente e psicologicamente aceitos até o ápice em seu desfecho. A direção é muito boa, contextualizando padrões que afirmam a conjuntura da personagens, como um certo enevoar da câmera.
Lindsay Burdge, até então uma coadjuvante, faz jus à oportunidade de protagonizar um filme, minuciando com destreza a personagem e sua evolução. Damien Bonnard, ele também um coadjuvante constante, apresenta uma personagem verossímil, apesar de seu tom cômico, mais circunstancial do que uma construção premeditada. Esther Garrel completa o trio de protagonistas no papel de Clémence, uma ex-namorada de Jêrome, por quem ele ainda nutre sentimentos. Atenção à bela e relevante narração de Angelica Houston. A fotografia é ótima contribuindo para o clima e a agudização dos conflitos, fazendo uso de filtros coloridos que estabelecem a atmosfera cênica. A música, aprazível, transita entre o pueril e a tensão conforme o contexto corrente. A figurinos são muito bons, como a edição.
As consequências de predições inconsequentes é o que evolui Uma Escala Em Paris, aprofundando progressivamente aflições e conflitos desde uma insensata noite de sexo até as passionais e radicais atitudes em prol de um amor não correspondido. Vale à pena assistir.
PS: Em cartaz
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