Em Detroit, Gordon trabalha em uma empresa de segurança, onde supervisiona, com robôs teleguiados, oleodutos no norte da África. Em uma incursão pelo deserto com um hexapod, ele escuta o plano fuga de Ayusha, que está prometida a um homem que não ama, e Kaarim, sua paixão proibida. E, vivenciando a recente perda de seu amor, decide ajudá-los a escapar.
A trama ostenta originalidade que o roteiro não honra, apesar dos arquétipos shakespearianos e dos simpáticos robôs, fraquejando na densidade e profundidade dos conflitos em cena, mesmo que apresente dramas, até certo ponto, contundentes. A rapidez e facilidade com que os reveses são transpostos e as suas superficialidades extenuam o fio condutor o tornando débil e pouco empolgante, mas ainda assim estampa dramaturgia estruturada.
A direção de Kim Nguyen, cujo filme A Feiticeira da Guerra foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2013, é ótima, desenvolvendo planos cativantes, especialmente no deserto. Joe Cole, em atuação relevante, faz o espectador torcer e vibrar por sua personagem. Lina El Arabi retrata muito bem a jovem mulçumana, mantendo suas características, mesmo em rebelião com seus pais. O resto do elenco é funcional, destaque para Brent Skagford, como Peter. A fotografia é excelente, especialmente as noturnas. A música é oportuna, contextualizando o tom romanesco, o figurino é competente e a edição é vultosa.
Olhos do Deserto ilustra cenário muito comum no cinema da atualidade: uma excelente ideia, elementos e atuações consistentes, mas cujo desenrolamento é superficial. Apesar disso, ainda é um filme interessante e merece ser visto.
PS: Em cartaz
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