O longa que abriu a Semana da Crítica do Festival de Cannes 2017 é um projeto tão arriscado quanto insólito ao se inspirar no conto “Un Cavaliere Bianco” que trata de um caso verídico, que chocou o mundo na década de noventa, por trazer para as telonas o macabro sequestro e cativeiro de 779 dias de um garoto de apenas 12 anos de idade pela máfia siciliana.
E como abordar um tema tão sinistro foi, muito provavelmente, a pergunta que a direção se fez para fugir da atrocidade e contar a história de uma Sicília dominada pelo medo, silêncio e apatia diante da opressão e da corrupção em larga escala? A resposta encontrada, a linha mestra da narrativa foi uma original inserção de um amor juvenil que entrega a investigação nas mãos de uma obstinada amiga do colégio permeando o desenvolvimento com curiosa mistura de elementos e gêneros que vão desde a poesia e a fantasia construindo uma bonita e onírica fábula repleta de simbolismos que não excluem o lado sombrio da história. Ponto!
E, para dar vida à original proposta, ao estabelecer uma perfeita simbiose entre o drama, o sonho e a aventura, o longa oferece ao espectador ótimos momentos compostos pelo desenho de som, fotografia, edição além de interpretações consistentes do elenco juvenil enquanto deixa indefinido, ora aqui, ora ali, os limites entre o real e o imaginário. Ponto!
Mas como o principal elemento de um filme sempre é o roteiro, a gama de subtramas, de alegorias e de informações, acabam por truncar o andamento com elementos dispensáveis, afetando e comprometendo notoriamente o ritmo, estendendo-se por mais tempo que o necessário para o desenvolvimento de um plot muito simples, derrubando o pico de interesse que a beleza por si só não sustenta, terminando em terreno perto do enfadonho. Que pena!
TRAILER