Vinte e um anos após seu falecimento, o nome Jacques Cousteau ainda reverbera no coletivo quando citado, remetendo às grandes expedições, às descobertas, às lutas e ao grande homem por trás dessas. A Odisseia, filme chegando com dois anos de atraso ao Brasil, descortina os bastidores das aventuras, desventuras e, principalmente, da humanidade atrás do legado.
O roteiro, girando em torno da relação de Cousteau e seu segundo filho, Philippe, retrata as transformações do homem Cousteau de conquistador a explorador, de explorador a preservador da natureza. Com muito lirismo e delicadeza, expõe as grandezas e pequenezas do homem por trás do mito, entre 1949 e 1979, delineando sua trajetória e personalidade por intermédio da relação dicotômica entre pai e filho, sem pieguices, mas com imensa humanidade.
A direção é excelente, tanto no direcionamento dos atores, quanto nas escolhas de tomadas, distanciamento e aproximações, especialmente nas sequências submarinas. Lambert Wilson faz um trabalho magnífico como Jacques, igualmente o faz Audrey Tautou no papel de Simone Cousteau e Pierre Niney está excelente no papel de Philippe. O elenco coadjuvante é bastante competente, ressalto para Vincent Heneine e Benjamin Lavernhe. Todos contribuem com suas performances para adicionar ao lirismo do texto.
A fotografia é belíssima, exagerando um pouco nas tomadas submarinas centralizadas, quando um deslocamento contribuiria mais. A música, a edição e a arte, que passa pela reconstrução de quase quatro décadas, são excelentes.
Surpreende um filme tão grande e tão lírico passar desapercebido, pois apesar de apresentar uma história quase linear e em modelo tradicional, se diferencia na paixão das relações pessoais, por mais contidas que possam parecer, além de ser visualmente lindo. Vale assistir.
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