Tendo feito parte da Seleção Oficial de Cannes e sendo o escolhido para representar a Áustria no Oscar 2018 e dirigido pelo sempre contundente, Michael Haneke, perito em dissecar o lado obscuro das relações humanas, eis um trabalho que simplesmente não funciona. Ainda que junte veteranos do porte de Jean-Louis Trinttigant e Isabelle Huppert para sustentar uma narrativa que busca falar sobre a incomunicabilidade e a falta de comunicação das pessoas no mundo atual, mesmo inserindo o ótimo e atual recurso da tecnologia que cada vez mais promove as relações líquidas em detrimento das relações afetivas verdadeiras, a montagem e a edição não conversam com a proposta e, nem mesmo os núcleos de personagens se sintonizam.
Os constantes cortes de cenas que pouco acrescentam para outras desligadas do conjunto ainda que com o objetivo de reforçar a solidão egóica, trazem para o enredo uma individualidade autoral de difícil empatia e interesse sempre prometendo e nunca cumprindo até seu final. Até mesmo a questão polêmica dos refugiados na França é enxertada rapidamente no pano de fundo sem quase nenhum acréscimo para o expectador ou mesmo para o cerne da família em questão. Se, na maioria dos trabalhos deste premiadíssimo diretor seus “End” levam sempre às profundas reflexões, aqui, ele literalmente abandona essa perspectiva finalizando sem “happy” e sem encantar o púbico com seu final seco e em aberto que beira a decepção.
Assim, o comentadíssimo “Souvenir” em seu ritmo lento e com ausência de trilha sonora, repleto de fios soltos, abre mão dos impactos emocionais de suas obras anteriores, ainda que busque nos formatos das mídias sociais uma aproximação com a platéia em breves momentos, infelizmente, não vai muito além de uma tentativa preguiçosamente mal engendrada e finalizada PS: estréia prevista para o Brasil em: Maio/2018
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