O campeão do Festival Sundance que recebeu ovações em pé e deixou muita gente em lágrimas fazendo previsões para melhor filme no Oscar 2017, mas viu-se despencando nas apostas e alijado de outros festivais por conta do envolvimento de seu diretor e co-roteirista com “crimes” no passado, é um trabalho que merece a chance de contar sua história verídica sim!
O diretor/produtor/ roteirista ator (muita coisa pra um só), Nate Parker, baseia seu plot em fatos reais (com muitas licenças), incluindo uma questão mística, logo no início, para criar os clichês do herói em sua jornada que é à estrutura do enredo que, felizmente, nunca descamba para o melodrama.
Embora o ritmo tenha certa morosidade no desenvolvimento, parece ser aceitável para a construção da empatia com o protagonista e gerar muitos momentos de genuína raiva com a cruel manipulação do poderoso homem branco versus a “docilidade” do negro escravizado.
O enfoque religioso que funciona como massa de manobra e, posteriormente, como mote de revolta é bem polêmico e estruturado, trazendo a religião e o sincretismo para o cerne das questões diferenciando-se de obras recentes com a temática da escravidão norte-americana.
Pela temática, não há como não sentir certa proximidade com o espetacular "12 Anos de Escravidão", embora as cenas de violência em muito extrapolem a obra anterior configurando-se em momentos de verdadeiro impacto cênico somente para estômagos fortes.
Com direção correta que se perde ligeiramente em planos e contra planos, trilha forte e mais que pertinente com oportuna inserção de “Strange Fruit” cantada por Nina Simone, no momento certo, #TheBirthofaNation é um trabalho que, mesmo não sendo impecável, equilibra bem sua força com suas pequenas oscilações, provoca fortes emoções e, ao contar uma história desconhecida e muito importante (para um mundo que continua fazendo as mesmas coisas apenas de formas mais veladas), merece muito mais reconhecimentos que obteve por conta de confundirem produção de arte com história pessoal.
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