
Partindo de um plot bem original: “Cada um de nós tem três vidas: uma pública, uma privada e uma em segredo” e, essa vida secreta está trancada em nossos celulares. Essa vida dúbia que se leva em tempos de Facebook, Twitter, WhatsApp, e demais expositores midiáticos de uma felicidade tão falsa quanto obrigatória, que subdivide o quem somos do que aparentamos ser, por si só, vale o mergulho no roteiro.
Com direção correta que aposta nos diálogos bem amarrados para desenvolvimento da narrativa, fugindo da armadilha de formatar um trabalho claustrofóbico com a câmera que passeia por vários ambientes e ângulos, “Perfetti Sconosciuti”, trás tais questões para o âmbito das amizades e das famílias em bem dosada mistura de drama e humor negro.
Em tempos de relações líquidas, por mais sólidas que passam aparentar, é na caixa preta chamada celular, sempre protegida por senha, que estão guardados os “eus” ocultos, nossas verdades; nossas transgressões, não importam o tamanho e, é isso que o competente elenco vai mostrando de forma linear e ágil ainda que a trilha sonora tente, por demais, acentuar climas desnecessariamente.
Por fim, “Perfect Strangers” é uma prova nítida do bom momento do cinema italiano, promove reflexão sobre comportamentos, sobre a imposição da sociedade de que é obrigatório ser feliz o tempo todo, deixando no ar a pergunta: Você está preparado para conhecer os segredos do seu par? Vai mesmo arcar com as conseqüências ou prefere o jogo do contente?
Você escolhe.

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