Eis um trabalho muito singular!
Com um roteiro que vai pelos caminhos do lúdico, sem excluir a realidade, permite que o poder da imaginação de uma criança nos enleve e comova.
Abordando vários ângulos sobre preconceitos, amores, amizade e, formatos de fé, é impecavelmente bem realizado, com bela fotografia, locações, trilha, direção e atuações.
Ok, há umas pequenas falhas de continuidade, mas quem liga? Ok, há cenas que parecem encomendadas para promover lágrimas, mas de tão bem feitas, que sejam bem vindas.
Grande parte deste ”encantamento” fílmico, por certo, é conduzida pela atuação, pelas expressões e força cênica do jovem ator mirim que nos faz embarcar e retornar com ele ao mundo imaginário da criança que, um dia, todos nós fomos.
Outro aspecto relevante é o roteiro “pegar” uma situação de guerra, um dos momentos mais trágicos da humanidade e colocá-lo sob o prisma imaginativo de uma criança e entregá-lo a sua capacidade de entender, interpretar os fatos e lidar com eles a sua maneira.
A questão religiosa que, numa ótica rasa, pode parecer o mote da narrativa, é apenas um gancho para o desenvolvimento da estória, e nos fica claro não se tratar de nenhum tipo de propaganda. A rápida tomada focando os quadrinhos do gibi e imagens da Bíblia, deixa isto bem nítido para cinéfilos atentos. Enfim, “Little boy” é um trabalho inteligente, inovador, sensível, questionador e que vai te conquistar e comover pelo singelo, pelo delicado, pela esperança e pela garra e perseverança de um pequeno grande homem, de um guerreiro samurai, imbuído e movido por um amor filial enternecedor. Caso sua fé (leia-se força de pensamento), seja muito grande, ela é capaz de alterar a realidade e produzir magia suficiente para fazer o universo colaborar com você; ainda que apenas você acredite nisto. E, se “você acredita que pode fazer isto”, não importa seu tamanho, coloque Little Boy na sua lista mágica de prioridades e mantenha viva a esperança no cinema.
TRAILER