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A cinebiografia da Dra. Nise da Silveira tem seu primeiro mérito ao apresentar, para quem desconhece, o revolucionário trabalho clínico feito por essa psiquiatra na década de 1940.
Em tempos que a loucura era tratada com pressupostas modernas técnicas de eletro choques e lobotomia, a inserção do afeto holístico preservando a dignidade humana e o “tratamento” através de terapias ocupacionais baseadas no amor, respeito, arte e animais, é o recorte escolhido pelo roteiro para nos contar sobre o trabalho desta pioneira que, parece ainda não ter sido totalmente absorvido ou aplicado por alguns dos frios, rápidos e médicos executivos dos dias atuais; lamentavelmente.
Por certo, o foco no trabalho e seus resultados foi uma escolha acertada que, infelizmente, parece esquecer disto nos momentos que insere aspectos da vida pessoal da retratada que são mal explorados, não acrescentam, não elucidam e só contribuem para a quebra do ritmo perigando deixar ( e deixa), a continuidade mais lenta.
Outro acerto na película é a forma linear do desenvolvimento evitando os desgastados recursos dos flashbacks e dos batidos créditos finais que, usualmente, acompanham de forma explicativa o gênero biográfico.
A opção pela câmera de mão, em muitos enquadramentos, propicia a aproximação dramática facilitando a empatia ou antipatia com os personagens, escapando da armadilha do melodrama lacrimoso, amparada por uma direção de arte competente com nota para a fotografia que acompanha com a evolução da luz as mudanças temporais facilitando o mergulho na densidade cênica e na reconstituição de época.
O designer de som conversa bem com a proposta e o elenco é mais que convincente embora a protagonista insista em um tom repetitivamente monocórdio despido de inflexões que não chega a desmerecer o trabalho, mas engessa a personagem.
Enfim, este drama biográfico cumpre, sem maiores pretensões, a função de, por fim, divulgar a figura emblemática de Nize da Fonseca e seu importante trabalho humanitário através do amor e do expressionismo da arte.
Se não é exatamente perfeito, e não é, configura-se em leitura interessante para o grande público e obrigatório para a classe médica refletir mais profundamente sobre a humanização da medicina.
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