Continuando nossa apreciação sobre os trabalhos que serão apresentados no Festival Varilux de cinema Frances, fomos verificar. Chamou-nos atenção à péssima escolha do título nacional, uma vez que não remete nem ao tema e tão pouco existe um herói, muito menos do nosso tempo. Lamentável a indução ao erro interpretativo. “Va, Vis et Deviens” (Vá, viva e se transforme), titulo original, além de ser uma frase dita “em cena” remete a essência do trabalho. Isto posto, o tema sobrevivência, a partir de um drama político histórico: A “Operação Moisés” impetrada em 1984 pelos Estados Unidos da América e Israel, para levar para a terra prometida os Etíopes que sobreviveram a uma jornada de 600 km da Etiópia ao Sudão, para assumirem sua herança como Judeus descendentes da Rainha de Sabá. Para retratar/ denunciar uma dessas tragédias que aconteceram e ainda acontecem com os povos da África, invocando tema ainda lamentavelmente em voga – refugiados- o roteiro (premiado com um César), foca a narrativa na vida do garoto (Salomão), da infância a maturidade e, por tanto, excede em tempo fílmico em seus 140 minutos perdendo a oportunidade de manter o pico de atenção em um plot tão interessante. Ok, que o protagonista, em sua fase infantil e de dificílima adaptação, gere empatia e algumas comoções, mas ao adentrar a fase adulta – pelo tempo longo- não consiga o mesmo efeito. Pena. As questões pontuais de exílio, racismo, segregação e exclusão por motivos religiosos são de suma importância e relevância e, outra vez, o tamanho da película vem a minimizar o interesse pelo acompanhamento narrativo. Infelizmente, a direção oscila entre um tom épico (a trilha afirma isso e os grandes planos também), e o primor da construção e da delineação de personagens marcantes com forte cunho realista / humanitário, abre margem para grandes elipses que esvaziam a força e a grande importância do projeto. Ao fim e ao cabo, a pergunta que nos cabe ao fim de “Live and Become” é: Como vocês se sentiriam sendo um menino exilado negro e cristão tendo que sobreviver em um habitat judeu-branco repleto de preconceitos de todos os gêneros?
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