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  • Foto do escritorCardoso Júnior

Difret - Etiópia-2015

Atualizado: 15 de ago. de 2020


Então, sua filha de 14 anos é pedida em casamento, você nega o pedido (talvez porque ela ainda seja jovem ou porque ainda esteja estudando), e o noivo, automaticamente, passa ter o direito legitimado por lei de sequestrá-la, prendê-la, agredi-la e estuprá-la, antes de casar, correto? Não? Isto te soa absurdo? Pois saiba que é assim que funciona (va), nas aldeias da Etiópia em pleno ano 2.000, muito próximo da capital, Adis Abeba, como costume arraigado e, visto como perfeitamente natural...pelos homens. Este é o mote central escolhido na produção de Angelina Jolie, que recebeu vários prêmios internacionais ao contar uma história totalmente baseada em fatos reais. A partir do momento no qual a sequestrada reage a este tipo de situação bizarra, agindo em legítima defesa, a população volta-se contra ela exigindo sua pena de morte. A narrativa acompanha o trabalho da advogada Meaza (ganhadora do Nobel Africano), em sua luta pela defesa e pelos direitos das mulheres em um trabalho que opta por interpretações realistas, mas nada apelativas, buscando retratar de forma verídica um tema bem pouco explorado pelo cinema. É notório que a direção fica indecisa entre apresentar algo mais...artístico resvalando por vezes para um tom mais documental, mas nada desmerece esse grito histórico de liberdade de minorias oprimidas, nem mesmo as câmeras na mão focando com certa insistência as mãos das personagens. Desculpa-se com prazer visto a relevância e a delicadeza com que é tratado um tema tão polêmico que mudou o panorama jurídico de um país. “#Difret”, que na língua local significa coragem, cumpre com eficiência um dos deveres do cinema ao apresentar um trabalho bem realizado, globalizado, denunciatório, suave dentro do possível tornando-se um libelo contra a intolerância machista e escravagista no mundo atual. Para quem não é apenas fã do cinema “escapismo alienante”, Difret se tornará um filme importantíssimo.

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