O diretor Bruce La Bruce, neste seu último longa manteve sua tendência para temas polêmicos que nós gostamos também. Transitar pelos “desejos e amores” humanos menos recorrentes, porém existentes; bulir com essa linha tênue entre o normal e o anormal é, no mínimo, interessantíssimo de acompanhar pela quebra de tabus estabelecidos por uma maioria que se autodenomina “normal” e, portanto, excludente de tudo que foge de seus parâmetros. Eis a ousadia de Gerentophilia; narrar com competência que o amor não se adéqua a padrões sociais e que o belo pode amar intensamente o feio sem ter que deitar-se em um divã psicanalítico. Ok, que a narrativa se permite a alguns momentos inverossímeis, mas por que ser tão coerente diante de algo controverso? Com um elenco comprometido com seus personagens, tem no jovem protagonista uma promessa de vôos mais altos neste que, longe de ser um conto de fadas está mais para um conto da vida como ela também é. E por que não? Se o expectador vai chocar-se com essa estória, se vai buscar compreende-la ou não, se vai achá-la hedionda ou mesmo “nojenta” (para usar o termo empregado no filme), isso fica no terreno individual. O que não pode e aí não pode mesmo, é se contradizer auferindo ao clássico de 1971, “Ensina-me a viver”, o status de lindo. Por falar nisto...saudades da Ruth Gordon.
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