O vencedor do Melhor Roteiro no Festival de Berlim, vai no de profundis do tema“moralismo religioso desarrazoado e suas conseqüências”.
Centrando a narrativa no seio de uma família radicalmente fundamentalista que enxerga pecado no mínimo desvio de caminho ou mesmo nos pensamentos mais pueris, expõe um verdadeiro massacre ideológico sobre uma adolescente, inteligentemente fazendo uma comparação com os estágios da via-crúcis de Jesus.
Certamente este trabalho se torna mais contundente e agudo por desenrolar-se nos dias atuais, em um mundo moderno onde pensamos que tais situações não existam mais e, isso assusta muito, até o ponto da indignação proporcionada por nossa impotência de espectador.
Com um elenco afiado e uma proposta cênica tão simples quanto ascética nos recursos técnicos, essa denúncia sobre fanatismo, esse estupro mental ( muito mais ignóbil que um físico), facilmente, pode transformar esse roteiro em algo extremamente incômodo tangendo as raias do hediondo, mas jamais retirar-lhe o peso, o impacto, a relevância e a extrema urgência de divulgar este trabalho para provocar reflexões que banam a demência em prol da tolerância.
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