Cardoso Júnior
17 de out de 2020
Nem sempre um elenco estelar significa bom resultado fílmico da mesma forma que, um diretor respeitado, também não oferece garantia de trabalho apreciável, mas, geralmente, a junção desses dois elementos humanos resulta em algo interessante principalmente se acrescidos de roteiro bem desenvolvido sobre tema relevante.
E, felizmente, esse é o caso de #TheTrialoftheChicago7, que estreou ontem na plataforma da Netflix, outro longa do talentoso diretor e roteirista Aaron Sorkin (Oscar de Melhor Roteiro Adaptado por “A Rede Social”) e outros trabalhos que se infiltram nos escusos meandros dos jogos “políticos e de poder” em várias esferas sociais.
Utilizando como pano de fundo a obscena Guerra do Vietnã num recorte histórico que passa por Martin Luther King, Bob Kennedy e os Panteras Negras, o roteiro, baseado em fatos, centra a dinâmica ação no interior do tribunal onde o histórico julgamento dos 7 acusados ( pelo Governo dos EUA),de conspiração e incitação à revolta, proporcionam os melhores momentos do abjeto drama social e dos intrincados subterrâneos de um sistema judicial escandalosamente tendencioso.
A excelente condução da direção, ainda que mantenha o gênero “filme de tribunal”, recorre a flashbacks contextuais intercalados com registros documentais do período misturando fatos com ficção numa montagem muito coesa que não só abre espaço para que cada personagem / ator tenha grandes momentos em tela potencializados por potentes diálogos e embates sem que o pico de atenção e ritmo sejam minimamente prejudicados.
Tecnicamente irrepreensível, #Os7deChicago, é um trabalho verossímil, denso, repleto de energia e faíscas (amenizado pontualmente por pitadas cômicas), e que não teme traçar seu paralelo entre passado e presente buscando o impacto emocional que a universalidade dos temas que, cinquenta e dois anos depois ainda estão sob julgamentos manipulados e subjugados pela desfaçatez das opressões e interesses governamentais.
E se ‘o mundo inteiro está assistindo” vale cada instante de apreciação e reflexão.
TRAILER
Ps1: disponível na Netflix;